Ebook - Mulher em (Dis)cursoAtena Editora

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1. Mulher. 2. Discurso. 3. Linguagem. I. Alzarez, Palmira Heine (Organizadora)....

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capa do ebook Mulher em (Dis)curso

Mulher em (Dis)curso

O livro ora apresentado é resultado de uma série de reflexões sobre o tema mulher e discurso, através de diversos aspectos que recobrem essa temática, tais como: os modos de discursivização da violência contra mulheres, mulher e literatura, as representações do feminino em contos de fadas tradicionais, a mulher e as relações homoafetivas discursivizadas em redes sociais, mulher e música, mulher e beleza, além  da fragmentação do feminino na contemporaneidade.

Tais temáticas e seus desdobramentos, pensados à luz da Análise de Discurso, oferecem aos leitores a possibilidade de levantar o véu da opacidade que se apresenta através da linguagem, voltando o olhar em direção aos sentidos sobre mulher no discurso, na sua dimensão histórica e ideológica, trazendo à baila questionamentos, reflexões, deslocamentos e desdobramentos diversos.

A obra contribui para se pensar a identidade e a representação feminina como um elemento de discurso, construído na e pela linguagem, seja na sua dimensão verbal ou não verbal, afetada pela historicidade e pela memória social. Como elemento de discurso, a ideia de ser mulher é afetada por deslocamentos que problematizam a noção do feminino na discursividade nas diversas formas de materialização da ideologia que, naturalizando sentidos, faz com que os sujeitos de discurso não se deem conta de que estão sendo constituídos pelos enunciados que significam na sua dimensão histórica.

Os capítulos desta obra, portanto, possuem um ponto que os une, qual seja: a ideia de que a feminilidade, construída em diferentes materialidades analisadas pelos presentes estudos faz retomar representações sócio-históricas que constituem o dizer. Essas representações são abordadas nos textos que constituem esse livro, costurados a partir das ideias do filósofo francês Michel Pêcheux, cujas reflexões deram origem à teoria de Análise de discurso, também denominada de Análise materialista de discurso ou ainda Análise de discurso de viés pecheutiano.

O primeiro capítulo, intitulado TRABALHO E DIGNIDADE FEMININA - APONTAMENTOS A PARTIR DO MULHERIO (1981-1988), apresenta uma análise acerca do jornal Mulherio. Nela, podemos perceber como esse veículo de comunicação, em meio à década de 80 do século XX, rompe com o silêncio local acerca de certos dizeres sobre a mulher e promove a circulação de efeitos de sentido até então interditados.

Já no segundo capítulo – DISCURSO ENTRE MULHERES: de Clarice Lispector a Tereza Quadros –, é feito um estudo sobre o efeito de autoria na constituição de dizeres de duas mulheres, ou melhor, de uma mulher: Tereza Quadros, pseudônimo da escritora Clarice Lispector. Em meio a esse fenômeno que, em primeira instância, podemos chamar de desdobramento de efeito de autoria, discute-se como se dá a projeção interdiscursiva a partir da qual é promovida a existência de Tereza Quadros.

Em EFEITOS DE SENTIDOS EM UMA PEÇA PUBLICITÁRIA DA PREFEITURA DA CIDADE DE SALVADOR EM PREVENÇÃO À VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES, a ideia principal do artigo se volta a um aspecto social brasileiro que remonta aos tempos da colonização: a violência contra a mulher. Nesse estudo veremos como alguns discursos que promovem o assédio sexual feminino passam a funcionar, em peças publicitárias, a partir de uma reinscrição interdiscursiva cujo efeito se torna de estímulo ao combate a essas ações de violência feminina.

No capítulo A DISCURSIVIZAÇÃO SOBRE CASAMENTO E FAMÍLIA EM RELAÇÕES HOMOAFETIVAS ENTRE MULHERES NO INSTAGRAM, o ambiente virtual é explorado em uma análise sobre relações homoafetivas entre mulheres. Nesse formato contemporâneo de discursivização dessas relações, cabe interrogar como efeitos de sentido sobre casamento e família passam a se constituir em meio a esse contexto e quais são suas implicações sócio-discursivas.

A abordagem do feminino na internet também tem lugar no capítulo A MULHER NA CONTEMPORANEIDADE: SUA FRAGMENTAÇÃO, HIERARQUIZAÇÃO E DEMONIZAÇÃO. Nele, podemos perceber, do ponto de vista discursivo, como a mídia promove o controle de corpos, em meio ao que podemos chamar de tecnologia de gênero.

Os aspectos discursivos que envolvem o feminino e os contos de fada tradicionais são abordados no artigo O FEMININO EM BRANCA DE NEVE: DESLOCAMENTOS NAS MODALIDADES ENUNCIATIVAS DO SUJEITO MULHER. Trata-se de um estudo que permeia o âmbito das histórias de princesa, mas desta vez mediante releituras cinematográficas que denunciam mudanças no comportamento feminino. O que está em questão aqui é o movimento de desconstrução que possibilita o questionamento acerca do lugar da mulher na sociedade.

No artigo intitulado A BELEZA FEMININA: O DISCURSO SOBRE A BELEZA NA FANPAGE DE COSMÉTICOS DA MARCA NÍVEA busca-se discutir os modos de discursivização da beleza feminina em propagandas de cosméticos da marca Nívea, destacando que a beleza é uma construção simbólica e cultural e, portanto, um elemento de discurso que faz circular sentidos inscritos na história. A AD pecheutiana também é a base para as reflexões e análises propostas neste artigo, que concebe a beleza como elemento construído ideologicamente.

Por fim, o artigo intitulado  AS PIRIGUETES E A DISCURSIVIZAÇÃO DA MULHER EM MÚSICAS DO PAGODE BAIANO objetiva discutir sobre as formas de discursivização da mulher em letras de música de pagode baiano, gênero musical muito popular na Bahia, que constrói identidades e representações femininas com base na   estereotipização da sexualidade e do corpo da mulher.

Assim, os modos de construção dos artigos ora apresentados neste livro, indicam uma costura coesa que nos remete, a partir das linhas da Análise materialista de discurso, a um tecido diverso na sua unidade, possibilitando reflexões e debates sobre o feminino no discurso, a mulher em (dis)curso, no curso da história, da sociedade e da linguagem; a mulher que é dita e diz, que é construída no jornal, nas propagandas, na literatura, nos contos, nas redes sociais, enfim na dimensão sócio-histórica da linguagem, que, como um sistema que materializa discursos, gera e faz circular sentidos na teia da história.

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