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capa do ebook Repertório de Vaqueiro: transcrição e narração

Repertório de Vaqueiro: transcrição e narração

Por muito tempo, a narração

foi extremamente importante no tocante à

perpetuação da cultura humana, vez que as

histórias e experiências eram compartilhadas

entre as pessoas, agregando lições e

conhecimentos formadores de identidade

individual e social. Todavia, com a dinamização

de informações e pobreza de experiências na

atualidade, a narração tornou-se arte próxima

à extinção, incapaz de prender a atenção

das gerações mais novas e de se preservar

no tempo (BENJAMIN, 2012). Entretanto, é

possível encontrar, ainda hoje em lugares

improváveis, genuínos narradores, como é o

caso dos vaqueiros do Vale do Pampã-MG.

Nos vários registros já transcritos baseados em

algumas normas sugeridas por Fávero et al.

(2000), vaqueiros aposentados compartilharam,

a partir da memória e da experiência, sobre os

tempos do ofício. São textos orais, permeados

por interrupções e mudanças abruptas de

assunto, mas carregados de poesia, nem pelos

próprios autores percebida, que, por fluir de

suas bocas com tanta naturalidade, já fazem

parte dos discursos de forma inconsciente

(MEDINA, 2016). Diferenças socioculturais, de

idade e a não participação em todas as etapas

das entrevistas, como defendido por Manzini

(2017), criam distâncias entre o transcritor

e o personagem de estudo que dificultam a

incorporação consciente e fiel dos elementos

percebidos nos registros na transcrição. Além

disso, há a complicada tarefa de transcrever

não somente aquilo que é dito, como também

demais fatores caracterizadores da fala e

da performance. Assim, por uma jornada de

tropeços, a transcrição permite a preservação

do repertório de vaqueiro, permeado de alegrias,

sofrimentos e saudade.

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Repertório de Vaqueiro: transcrição e narração

  • DOI: 10.22533/at.ed.71119250116

  • Palavras-chave: Transcrição; vaqueiro; narração.

  • Keywords: Transcription; cowherd; narration.

  • Abstract:

    For a long time, the narration

    was extremely important when it came to the

    perpetuation of the human culture because the

    stories and experiences were shared among

    people, adding lessons and knowledge formers

    of individual and social identity. However, with

    the promotion of information and poverty of

    experiences nowadays, the narration became

    close to extinction, unable to catch the attention

    of younger generations and to preserve itself

    in time (BENJAMIN, 2012). Nevertheless, it’s

    possible to find, yet today in unusual places, genuine narrators, like the cowherds

    from Vale do Pampã-MG. In the several records already transcribed based on some

    of the norms suggested by Fávero et al. (2000), retired cowherds shared, from their

    memories and experiences, about their work time. They are oral texts permeated by

    interruptions and abrupt subject changes but loaded with poetry that is not even noticed

    by their own authors, once it flows so naturally from their mouths, already making part

    of their speeches unconsciously (MEDINA, 2016). Age and sociocultural differences,

    as well as the non-participation in all of the interview phases, as defended by Manzini

    (2017), create distances between transcriber and study character, making it hard

    to incorporate faithfully the elements noticed from the records in the transcriptions.

    Furthermore, there’s the complicated task of transcribing not only what is said, but also

    other factors that characterize the speech and performance. Thereby, by a stumbling

    journey, the transcription allows the preservation of the cowherd’s repertory, permeated

    with joy, suffer and missing.

  • Número de páginas: 15

  • Joanna de Azambuja Picoli
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