Publicado em 19 de fevereiro de 2023.

Esta obra nasceu da inquietude e inconformismo, de um então jovem
professor de 20 anos atrás, quando ao ingressar em sua carreira de docente
universitário, ávido por produzir artigos, participar de eventos científicos e
publicar, se deparou com uma realidade não muito favorável.
Atuando em instituições privadas e assim como, uma parcela significativa
de meus colegas, conciliando atuação profissional durante o dia e ministrando
aulas no período noturno, sem carga horária adicional, além daquelas de sala
de aula, que pudessem ser dedicadas para outras atividades, a atividade de
pesquisa se tornava cada vez mais distante.
Ascendendo à função de coordenador de curso e tendo dentre as funções
de gestão, zelar pelos indicadores de qualidade, pude verificar que a situação
se estendia à maioria do corpo docente, sendo plantada aí a questão de como
resolver isso?
Posteriormente, atuando como avaliador, vinculado ao Instituto Nacional
de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), também evidenciei
que essa era uma dificuldade presente em outras Instituições de Educação
Superior (IES).
Empenhado em constatar minhas percepções, empreendi no período de
2009 a 2010, juntamente com outro colega, uma pesquisa em âmbito nacional
(Carvalho e Veronesi, 2015), dentro de um grupo privado de educação superior,
buscando identificar o retrato da produção acadêmica nessa realidade e seus
possíveis impactos.
Os resultados desse estudo inicial, trouxeram alguns indícios que vamos
tratar aqui, porém, suscitaram outras questões, que demonstraram que, a forma
como os instrumentos do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior
(SINAES), consideram a produção científica dos docentes, independente da
categoria administrativa da IES, ou seja, Faculdades, Centros Universitários e
Universidades, traz consigo um paradoxo, que aprofundei em minha tese de
doutorado, dando continuidade em outras publicações e pretendo discutir com
você leitor, nesta obra.
Todos os resultados que serão apresentados, estão focados na realidade
da graduação presencial em IES privadas. Mesmo considerando os diversos
desafios da atividade científica no Brasil, que envolvem questões de financiamento
para pesquisa, estrutura, remuneração e valorização de pesquisadores, neste
livro, nosso enfoque será discutir a importância de se desenvolver as habilidades
de pesquisa, para formação do aluno de graduação e as condições de trabalho
do professor para que possa realizar sua produção.
Assim, espera-se trazer subsídios, estratégias e práticas para criar
condições que potencializem a pesquisa e a produção científica dos docentes,
bem como, contribuir para a discussão e sensibilização, acerca dos ganhos para
a qualidade na formação do aluno de graduação, com o desenvolvimento em
conjunto de ensino e pesquisa.
Ao tratar desse tema, temos como pano de fundo, a discussão sobre qual
modelo de Instituição, se anseia para a Educação Superior em nosso país, uma
vez que é premente atender às demandas de um mundo em transformação, de
um futuro do trabalho que ainda não se conhece e ao mesmo tempo, preservar
uma formação cidadã, crítica e reflexiva.